Florianópolis, vive hoje uma realidade que vem contra as estatísticas das principais capitais do Brasil. A cidade praticamente parece ter controlado o contágio do coronavírus, enquanto as outras cidades o número de infectados sobe cada dia mais.

A capital de Santa Catarina, cuja a população é de 500 mil habitantes, tem menor taxa de transmissão entre as capitais, com 814 casos e já não registra uma morte por Covid-19 a um mês. Os últimos sete casos de falecimento foram em 04 de maio.

Mas como o município conseguir frear o avanço do coronavírus?

Segundo a administração municipal, algumas medidas adotadas foram essenciais para conter o avanço da pandemia. A principal medida adotada que teve um impacto positivo, foi o isolamento social, Florianopólis foi uma das primeiras a adotarem a medida entre as capitais brasileiras. “Já no dia 13 de março, tivemos o primeiro decreto para o isolamento social, um dos primeiros entre as capitais do Brasil. Tivemos praticamente uma quarentena estabelecida na nossa cidade”, conta o prefeito Gean Loureiro (DEM), em entrevista ao Estado de Minas.

Outra medida que foi importantíssima, foram as barreiras sanitárias instaladas no aeroporto internacional da cidade. Em todos desembarques, os passageiros são submetidos a um protocolo padrão que inclui um teste de coronavírus e orientações para permanecerem em casa pelo menos sete dias, prazo que é dobrado para pessoas que estejam com sintomas.

Seguindo passos de países com sucesso

A Secretária de Saúde local, teve o entendimento que era necessário seguir a mesma direção que países que obtiveram bons resultados no combate ao vírus, já nos primeiros dias da pandemia.

Logo o munícipio ampliou a testagem da população, a estratégia só foi possível porque o município comprou antecipadamente um grande estoque de exames. “Isso permite que a gente, além de identificar a doença de maneira precoce, tratando para não chegar em estado grave, consiga testar todos os contatos dos últimos sete dias (de quem testou positivo)”, diz Loureiro.

Multa para o descumprimento da normas

Outra implementação que foi levado muito a sério na cidade foi a multa para quem descumprisse normas sanitárias, monitorar o deslocamento das pessoas para medir o nível de isolamento social, identificar as redes de contato de quem testou positivo e criar um serviço de telemedicina que atendeu cerca de 60 mil pessoas (12% da população da cidade). “Estamos falando de pelo menos 10 mil idosos que iriam a unidades de saúde com o risco de contaminarem ou serem contaminados”, diz Loureiro.

Outro meio usado para a conscientização da população foi a tecnologia, pessoas que estavam em um raio de 200 metros de pacientes infectados com o coronavírus receberam através de SMS notificações. “Foram disparados mais de 20 mil SMS (mensagens de texto) informando que existiam casos próximos. Isso começou a dar uma demonstração de que a doença estava mais próxima da pessoa do que ela imaginava”, afirma.

Reabertura da cidade

Com o cenário positivo, a capital começou gradualmente a abrir o comércio em 20 de abril. Porém as autoridades entende que a cidade ainda está em fase de “risco moderado” no enfrentamento à pandemia.

Portanto para circular ainda é necessário seguir algumas regras, como o uso de máscaras, limite de clientes em um mesmo ambiente.

“Nas nossas medidas, levamos em conta um artigo que foi publicado na Universidade de Stanford, que é o The Hammer and the Dance (O Martelo e a Dança), que explica o combate nas cidades que tiveram sucesso. Você dá a martelada, que é praticamente uma quarentena geral. Nosso R0, que é o fator de transmissão, estava em 3,7 e caiu para 1,2. Mantivemos o isolamento. Hoje, é 0,89, com oscilação de 0,2 para cima ou para baixo. Isso significa que uma pessoa transmite para menos de uma pessoa. E a gente controla essa dança (reabertura da cidade)”, diz Loureiro.

Com informações:UOL