Você consome produtos “zero” achando que está fazendo o melhor para a sua saúde? Pode não ser bem assim.

O consumo de alimentos e bebidas com rótulos como “zero açúcar”, “zero calorias” ou “zero álcool” tem crescido bastante, principalmente entre quem busca uma dieta equilibrada ou enfrenta doenças crônicas como diabetes e obesidade. Mas será que essas versões “mais leves” são, de fato, saudáveis?

Segundo a especialista em nutrologia Gabriela Sangoi, do Instituto Nutrindo Ideais, a associação entre “zero” e saúde pode ser enganosa. Embora atrativos por parecerem mais leves, esses produtos muitas vezes contêm ingredientes que podem prejudicar o metabolismo, o apetite e até a saúde intestinal.

⚠️ O que substitui o açúcar pode ser ainda pior

Produtos “zero açúcar” costumam ser formulados com adoçantes artificiais como aspartame, sucralose ou sacarina, além de corantes e conservantes. Embora reduzam as calorias, esses compostos não são inofensivos.

“O problema não está só na ausência do açúcar, mas no que entra no lugar dele — e os efeitos do consumo frequente desses ingredientes ainda estão longe de ser neutros”, explica Sangoi.

Um exemplo disso é o aspartame, adoçante comum em refrigerantes zero. Um estudo recente da Cell Metabolism apontou que ele pode aumentar a produção de insulina e favorecer a aterosclerose, condição que eleva o risco de infartos e derrames. A OMS também classificou o aspartame, em 2023, como “possivelmente cancerígeno”, ainda que dentro dos limites diários considerados seguros.

🥤 E quanto às bebidas “zero álcool”?

As versões sem álcool de cervejas e vinhos realmente oferecem benefícios por eliminarem o etanol, principal agente tóxico das bebidas alcoólicas. Isso evita efeitos como distúrbios hormonais, problemas hepáticos e inflamação crônica.

“Elas podem ser uma boa ponte para quem está reduzindo ou parando o álcool, mantendo o hábito social sem os prejuízos fisiológicos”, afirma Sangoi. Porém, nem todas são saudáveis: muitas contêm adoçantes, corantes e altos níveis de açúcar, o que pode anular seus benefícios.

Outro alerta importante: mesmo produtos “zero álcool” podem conter até 0,5% de etanol — suficiente para gerar risco em situações como gravidez, pós-operatórios ou uso de certos medicamentos.

🛒 Como fazer escolhas inteligentes com produtos “zero”

Sangoi orienta que, para avaliar corretamente um produto “zero”, é essencial ler o rótulo com atenção:

  • Um produto pode se declarar “zero açúcar” mesmo contendo até 0,5g de açúcares por porção.
  • Ingredientes como maltodextrina, xarope de glicose, dextrose ou frutose indicam açúcares ocultos.
  • Desconfie de listas de ingredientes com nomes difíceis de pronunciar — sinal de alto grau de processamento.
  • Produtos “sem adição de açúcar” ainda podem conter açúcares naturais, como a frutose das frutas ou lactose do leite.

“O importante não é apenas saber se o açúcar está presente, mas como ele está inserido na composição”, ressalta. Um exemplo positivo é o iogurte natural, onde a lactose vem acompanhada de proteínas e probióticos. Já nos sucos concentrados, mesmo sem açúcar adicionado, a frutose isolada gera picos de glicemia e pouca saciedade.

✅ Resumo prático: o que observar nos produtos “zero”

  • Leia o rótulo completo, não só a propaganda da embalagem.
  • Prefira alimentos minimamente processados e com boa densidade nutricional.
  • Atenção a adoçantes, corantes e conservantes em excesso.

Trocar açúcar ou álcool por versões “zero” não é garantia de saúde. Mais importante do que reduzir calorias é avaliar a **qualidade nutricional** do alimento ou bebida: origem dos ingredientes, grau de processamento e densidade de nutrientes. Ao ler rótulos com atenção e priorizar opções naturais e mínimas na lista de ingredientes, você faz escolhas realmente inteligentes — e não apenas guiadas pelo efeito de marketing do “zero”.

Fonte: CNN Brasil