Labubu e a Geração Z: O Que Esses Bonequinhos Realmente Representam

Se você já se deparou com aqueles bonequinhos peludos, de olhos esbugalhados e sorriso torto — quase estranho, mas encantador — saiba que não está sozinho. Chamados de Labubu, esses personagens têm dominado estantes, mesas de escritório e, principalmente, os feeds das redes sociais. Apesar da aparência infantil, a febre em torno deles tem crescido principalmente entre jovens adultos da Geração Z. Mas o que torna essas criaturinhas tão cativantes? Uma psicóloga analisou o fenômeno e revelou que, por trás da fofura, há muito mais do que se imagina.

De acordo com a psicóloga clínica Tracy King, o sucesso dos trinkets como o Labubu não é simples coincidência. Ela enxerga nessa tendência uma resposta emocional direta ao contexto turbulento que marca a vida da juventude atual. “Na superfície, são lúdicos e inofensivos. Psicologicamente, são profundamente simbólicos”, explica. Para ela, esses objetos oferecem pequenos refúgios emocionais — formas acessíveis de conforto, controle e expressão de identidade em um mundo que frequentemente parece caótico e imprevisível.

King faz uma analogia poderosa: enquanto as gerações anteriores seguiam uma “escada de carreira”, com metas lineares como conquistar um emprego estável ou comprar uma casa, a Geração Z vive dentro de uma espécie de “sala de escape” existencial — onde os desafios são constantes, os objetivos mudam o tempo todo e as instruções raramente são claras. Em vez de investir no futuro idealizado, muitos jovens passaram a investir no presente, em coisas que proporcionam pequenas alegrias e autenticidade imediata.

Nesse cenário, o Labubu ganha destaque não apenas como um item colecionável, mas como uma ferramenta de expressão pessoal. Em uma era onde a identidade é construída e compartilhada digitalmente, objetos como ele ajudam a comunicar emoções, estilo e pertencimento. Além disso, carregam uma carga emocional que vai além da estética: evocam nostalgia, segurança e o resgate da criança interior — aquela parte de nós que muitas vezes foi deixada de lado em meio às exigências da vida adulta.

Segundo King, esse apego emocional não deve ser visto como superficial. Na verdade, é uma resposta adaptativa aos desafios de uma sociedade fragmentada, ansiosa e acelerada. “Enquanto o mundo continuar exigente e incerto, as pessoas buscarão formas suaves, pequenas e simbólicas de se sentirem bem”, afirma.

O Labubu, com seu visual excêntrico e seu toque reconfortante, tornou-se um símbolo moderno de autocuidado emocional. Um lembrete, ainda que silencioso, de que em meio à confusão do mundo, encontrar conforto nas pequenas coisas pode ser uma forma poderosa de resistir e se reconectar consigo mesmo.