O inchaço no pescoço que marcou gerações — e como o sal mudou tudo
Até o início do século XX, o bócio endêmico — aquele inchaço visível no pescoço causado pelo aumento da tireoide — era uma cena comum em regiões montanhosas da Europa, Ásia e América. A causa era simples e devastadora: deficiência de iodo no solo e na alimentação.
Nas aldeias alpinas, não era raro encontrar famílias inteiras com o pescoço inchado. Crianças nasciam com atraso no crescimento e problemas cognitivos, o chamado cretinismo endêmico. Era um drama coletivo silencioso, que roubava saúde e futuro de gerações inteiras.
O verdadeiro salto de saúde pública ocorreu em 1922, quando a Suíça introduziu o sal iodado, medida proposta pelo cirurgião Hans Eggenberger para combater o bócio e o cretinismo nas regiões alpinas. O sucesso foi tão imediato que virou referência mundial.
Dois anos depois, em 1924, os Estados Unidos seguiram o exemplo, começando pelo estado de Michigan. A iniciativa rapidamente se espalhou, e logo vários países adotaram a prática.
O que parecia uma solução simples mudou o curso da história: bastou adicionar iodo ao sal de cozinha para salvar milhões de pessoas de doenças, garantir o desenvolvimento saudável de crianças e praticamente erradicar um problema milenar.
Hoje, talvez você nunca tenha visto alguém com aquele típico inchaço no pescoço. E isso só foi possível graças a uma das medidas de saúde pública mais baratas e geniais já criadas.
Quem diria que um detalhe tão pequeno — algumas gotinhas de iodo no sal — pudesse transformar a saúde do mundo inteiro?