Edvaldo Santos, de 33 anos é um paulistano que vem quebrando as barreiras do preconceito e da comunicação, ele faz lindas poesias em libras, a Língua Brasileira de Sinais.

Edinho da Poesia

Assim é conhecido o morador do bairro do Jabaquara, vindo da Cidade Ademar periferia da zona sul de São Paulo, Edinho mora com outros três irmãos ouvintes.

O poeta é educador e encontrou nos seus versos uma forma de se comunicar com o mundo. Um jeito de expressar na arte as suas vivências como negro e surdo dentro de uma sociedade praticamente analfabeta em libras.

“A arte me mostrou o caminho. Não falo só sobre mim, mas também dos outros surdos, é o que eu vejo na sociedade. O meu poema ‘Mudinho’ é um exemplo disso, os surdos veem e se identificam. Estou criando a minha arte também para falar da comunidade surda, para que eles vejam, para que eles [ouvintes] entendam”, disse Edinho da Poesia à Agência Mural com apoio do intérprete André Rosa.

Em 2019, Edinho foi um dos finalistas do Slam BR, a maior competição de poesias falada do Brasil, ele participou com a parceria do compositor James Bantu.

“Eu gosto do slam porque é um espaço periférico, se afasta da poética elitista. Estamos falando sobre temas impactam, relevantes”, afirma.

Ele afirma que a sua presença em espaços culturais acaba se tornando um ato político. “Entre ser negro e ser surdo, eu acho que o principal ponto é ser negro, sabe”, diz.

Edinho começou sair sozinho aos 13 anos e assim começou a conhecer alguns grupos de surdos. “Eu ia em vários rolês nas quebradas, trocava ideia, falávamos sobre as nossas vidas, dificuldades e criávamos estratégias. Nós aconselhamos uns aos outros”, disse.

Por meio de bolsa, ele estudou até os 15 anos em uma escola especializada no ensino de pessoas surdas, no ibirapuera, cerca de 12 quilômetros de casa.

As atividades culturais desenvolvidas pela escola em convênio ao MAM (Museu de Arte Moderna) de São Paulo, despertaram o primeiro interesse pela arte. Foi quando ele pediu para uma ex-professora ajudá-lo a trabalhar no MAM como educador, e a partir disso nunca mais parou de fazer arte.

Trecho da poesia Mudinho:

“Quando eu era pequeno/ diziam: ‘mudinho, mudinho, mudinho’/
Eu já homem feito e barbado/ e eles: ‘mudinho, mudinho, mudinho/
Me casei, tive filho/ e eles: ‘mudinho, mudinho, mudinho/
Eu envelheci, me cansei, me curvei/ e eles: ‘mudinho, mudinho, mudinho/
Mudinho? Não, meu nome é Edinho, porra”.

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Com informações:Tnh1