Em um mundo à beira do colapso, a tragédia não surge como espetáculo, mas como consequência inevitável das escolhas humanas. Após uma sequência de impactos cósmicos, o nível dos oceanos sobe rapidamente e transforma cidades inteiras em labirintos submersos. Presa em um prédio que afunda andar por andar, Anna luta para sobreviver ao lado de Ja-In, uma criança que ela tenta proteger enquanto a água invade corredores, apartamentos e memórias.

A promessa de resgate surge com Hee-jo, um homem encarregado de guiá-los até o topo do edifício, onde um helicóptero supostamente os salvará. No caminho, encontros rápidos com outros sobreviventes revelam diferentes formas de lidar com o fim iminente — alguns resistem, outros simplesmente aceitam. A tensão cresce não pela destruição em si, mas pelas decisões tomadas sob pressão extrema.

Com o avanço da história, a catástrofe ganha um novo significado. Anna não é apenas uma mãe em desespero, e Ja-In não é apenas uma criança indefesa. Ambos fazem parte de um experimento científico que tenta decifrar e reproduzir emoções humanas, especialmente o vínculo materno. A inundação deixa de ser acaso e passa a funcionar como ferramenta de teste.

Aos poucos, o filme revela que a fuga pode não ser real, e que cada tentativa faz parte de uma simulação repetida inúmeras vezes. O que está em jogo não é a salvação, mas até onde a ciência pode ir ao transformar sentimentos em dados. A Grande Inundação se constrói como uma ficção científica inquietante, mais interessada em provocar reflexões éticas do que em oferecer respostas fáceis.