Por que estamos tão cansados, tão ansiosos, tão tristes — e por que ninguém fala sobre isso de verdade?
No Brasil, a saúde mental virou um assunto urgente — e não é exagero. Os números são alarmantes, mas ainda assim, muita gente continua sofrendo em silêncio, sem apoio, sem acolhimento e, pior, sem entender que o que sente tem nome, tem causa e pode ter tratamento.
O Brasil é o país mais ansioso do mundo
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil lidera o ranking de países com maior prevalência de transtornos de ansiedade. Estima-se que mais de 18 milhões de brasileiros convivam com esse tipo de sofrimento. E isso é só a ponta do iceberg.
Além da ansiedade, a depressão atinge quase 12 milhões de brasileiros. E esse número cresceu de forma assustadora após a pandemia de COVID-19, agravado pelo isolamento, o luto coletivo e a crise econômica.
Falar sobre saúde mental não é moda, é necessidade
Por muito tempo, falar de saúde mental era tabu. Era “frescura”, “coisa de gente fraca”, “drama”. Hoje, essa mentalidade ainda resiste em muitos lares, empresas e até dentro do próprio sistema de saúde. Mas ignorar o problema não faz ele desaparecer — só o agrava.
Estamos vendo uma geração inteira crescer com sintomas de ansiedade, depressão, síndrome do pânico, burnout, TDAH e outros transtornos — sem acesso adequado a acompanhamento psicológico ou psiquiátrico.
O SUS tenta, mas não dá conta sozinho
Apesar de o Sistema Único de Saúde (SUS) oferecer suporte psicológico por meio dos CAPS (Centros de Atenção Psicossocial), a realidade é que a demanda é muito maior do que a capacidade de atendimento.
Muitos esperam meses para conseguir uma consulta. Outros simplesmente desistem. Quem pode, paga R$ 150, R$ 200, R$ 300 por sessão com um psicólogo. Quem não pode… aguenta. Ou tenta.
Nas redes sociais, todo mundo fala — mas quem escuta?
As redes sociais popularizaram o discurso sobre saúde mental, o que é ótimo. Mas também criaram uma avalanche de autoajuda rasa, diagnósticos sem critério e conselhos perigosos. É preciso filtrar o que se consome. Falar é importante, mas ouvir com responsabilidade é ainda mais.
Não é drama. Não é fraqueza. É saúde.
É hora de tratarmos saúde mental como o que ela é: saúde. Cuidar da mente deveria ser tão natural quanto tratar a pressão alta ou passar no ortopedista.
Se você sente que está no limite, procure ajuda. Fale com um profissional. Fale com alguém de confiança. Não normalize viver em sofrimento constante. Você não precisa aguentar tudo sozinho.
E se você não sente isso? Escute quem sente. Acolha. Não minimize.
Cada vez que você desqualifica o sofrimento do outro com frases como “isso é falta de Deus”, “vai lavar uma louça que passa” ou “na minha época não tinha isso”, você empurra alguém ainda mais para o abismo do silêncio.
O que podemos (e devemos) fazer agora?
Falar sobre saúde mental nas escolas, empresas e espaços públicos;
Cobrar mais investimentos em políticas públicas de saúde mental;
Desmistificar o acompanhamento psicológico e psiquiátrico;
Criar redes de apoio — reais e virtuais — que acolham, não julguem.
Cuidar da mente é um ato de coragem. Falar sobre isso, mais ainda.
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