João Costa filho de lavradores, quilombola, nascido e criado na roça…Médico.

Esse rapaz prova que as adversidades são passageiras quando não falta empenho e dedicação para superá-las.

João ou melhor Doutor João, acaba de concluir a faculdade de Medicina e será o novo médico do Povoada Sítio Alto, em Simão Dias, no Sergipe.

Ele se formou em agosto, na primeira turma de Medicina do campus de Lagarto da Universidade Federal do Sergipe (UFS), informou o site Lagartense

“Negro, quilombola, filho de lavradores, nascido e criado na roça, filho do meio e integrante de uma família humilde composta por 11 irmãos e rodeada pela pobreza, chego ao fim de uma enorme batalha!”, declarou João.

João sabia desde muito novo que a única forma de melhorar a condição de vida dele e de sua família era estudando. Ele conseguiu provar que sempre é possível realizar sonhos que não cabem no “paradigma que era comum onde eu morava (trabalhar na roça para prover o sustento) e me aventurar no mundo da educação e do conhecimento”.

A condição de sua família nunca foi boa, e ele sempre soube que os estudos eram a única maneira de ter um futuro próspero e poder ajudar os seus pais. Seus pais são analfabetos, portanto nunca tiveram uma renda sólida. Dessa maneira, o menino e seus irmãos tiveram uma infância complicada e muitas vezes lhes faltavam itens básicos, como roupa e até alimentos.

Em meio a essa realidade, era quase uma utopia entrar a uma universidade federal, no melhor dos cenários, ele chegaria ao ensino médio. Mas para João nada era impossível, ele dividia seu tempo entre o trabalho na lavoura e os estudos. Com as notas boas que tirava na escola, o sonho de proporcionar uma vida melhor à família ganhava força.

Ele conseguiu seu primeiro trabalho fora da roça quando estava no terceiro ano do ensino médio. Era um trabalho na Promotoria de Justiça de Simão Dias, no qual ficava durante meio período. No entanto, não estava totalmente satisfeito, porque ainda tinha que entrar na faculdade, e para isso enfrentou sua insegurança interna e muitos preconceitos, como diz abaixo:

“Muitas vezes me questionava se seria possível, se eu era capaz. Recebi muitos comentários desencorajadores, de pessoas próximas inclusive, pelo fato de ser uma pessoa pobre, vindo da roça, negro e proveniente de escola pública. Conseguir cursar Medicina? Muitos consideraram improvável! Mas, Deus e o destino foram maravilhosos comigo.”

Mas nada disso desmotivou João, que aos 17 anos passou em terceiro lugar para Medicina na Universidade Federal do Sergipe.

Após seis longos anos de estudo, passando por cima de várias dificuldades, “já que o sustento [da família] ainda é provido pelo trabalho na roça e por benefícios sociais de distribuição de renda”.

Agora formado Dr. João, o rapaz quilombola, negro, dá um conselho para todos aqueles que se sentem incapazes e desmotivados:

“No pouco que vivi aprendi que, quando as dificuldades baterem à sua porta, deixe-as entrar! Nada melhor que os desafios para instigar a evolução humana. Acredito que se eu não tivesse tantas dificuldades, não estaria me graduando em Medicina, curso ainda elitizado e estereotipado em nossa sociedade.”

Este é o primeiro grande passo para realizar o sonho de proporcionar uma vida melhor para família, e João escolheu o melhor caminho para isso, ajudando muitas outras pessoas no caminho!

A UFS gera oportunidade de acesso ao ensino superior e o estudante João Santos Costa é um exemplo disso. Natural do…

Publicado por Universidade Federal de Sergipe – UFS em Terça-feira, 31 de julho de 2018

Informações: Razões Para Acreditar