‘Guardamos a sensação de que não nos despedimos direito daqueles que amamos’, por Carpinejar

A pior parte de perder alguém não é a ausência. É a sensação de que não nos despedimos direito.

A gente sempre acha que vai ter mais tempo.
Mais um abraço, mais um “eu te amo”, mais um café para conversar sobre nada e tudo ao mesmo tempo.
Mas, de repente, o tempo se acaba — e o que fica não é só a saudade, é o arrependimento de ter economizado nas palavras, no toque, no olhar.

Carpinejar escreveu que não sabemos nos despedir. E é verdade. A gente evita a despedida como quem evita falar de morte. Como se assim ela não fosse acontecer. Mas acontece. E aí ficamos revendo aquela última cena, tentando lembrar se sorrimos o suficiente, se o abraço foi apertado, se dissemos o que realmente importava.

O adeus, quando chega, não dói só pelo que leva, mas pelo que não vivemos antes dele.

Então, se você ama, diga.
Se sente saudade, procure.
Se tem vontade de abraçar, abrace.
Porque, no fim, a única despedida perfeita é aquela que a gente faz todos os dias, vivendo de um jeito que não deixe nada para depois.

SOBRE O AUTOR
Fabrício Carpinejar é poeta, jornalista e mestre em Literatura Brasileira pela UFRGS, além de coordenador e professor do curso de Formação de Escritores e Agentes Literários da Unisinos. Filho do casal de poetas Maria Carpi e Carlos Nejar, nasceu na cidade gaúcha de Caxias do Sul em 1972. Recebeu diversos prêmios, entre eles o Maestrale/San Marco (2001), Açorianos (2001 e 2002), Cecília Meireles (2002), Olavo Bilac (2003) e Prêmio Erico Verissimo (2006). Carpinejar foi traduzido ao alemão e assinou contratos na Itália e na França. Participou de antologias no México, Colômbia, Índia e Espanha, e vem sendo aclamado por escritores do porte de Carlos Heitor Cony, Millôr Fernandes, Ignácio de Loyola Brandão e Antonio Skármeta como um dos principais nomes da poesia brasileira contemporânea.