Camila Hannah Marques de 24 anos, mostra que quando se quer tudo é possível, e deixa uma mensagem enriquecedora, mostrando que ninguém está só. “De todas as minhas dificuldades o que eu percebi é que nunca estive sozinha, sempre tive apoio da minha família, professores, sempre teve alguém para me ajudar”. 

Camila foi a primeira cega a passar no Exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Pauí. Em uma entrevista ao Cidadeverde.com, ela demonstra que apesar dos seus 24 anos, possui muita maturidade e fala de uma lição que aprendeu na vida: “E o que aprendi é que não adianta, por mais que a gente se desenvolva, a gente sempre tem o que ensinar, mas também o que aprender”.

Camila ainda não se formou, sua colação de grau será em março, porém essa estudante de Direito já conseguiu realizar um dos principais feitos que é passar no Exame da OAB.

A jovem conta como ficou surpresa com o resultado do Exame: “Me senti no mínimo surpresa e lisonjeada, grata a Deus, aos meus professores e a todo mundo que contribuiu pra essa conquista. Na verdade, eu fiz a primeira etapa e fui para a repescagem na segunda. Então passei pela primeira vez na primeira etapa e pela segunda na outra etapa”.

Nunca esteve sozinha

A jovem teresinense  é bem articulada com a palavras, conta que ficou cega lodo depois que nasceu prematura de seis meses.

Sempre com muita dedicação e com a ajuda dos pais que foram fundamentais nesse processo, Camila sempre obteve sucesso ao longo da história escolar. De todas as minhas dificuldades o que eu percebi é que nunca estive sozinha, sempre tive apoio da minha família, professores, sempre teve alguém para me ajudar”

Assim como todo o aprendizado conquistado na Associação dos Cegos, onde teve a complementação obtida durante a vida em escolas regulares e privadas. Tanto foi a dedicação nos estudos, que ela também foi aprovada no teste de estágio do Tribunal de Contas do Estado, onde já estagia há 2 anos e cinco meses.

As dificuldades

Mesmo tendo todo o suporte familiar, Camila lembra que passou por dificuldade por causa da sua deficiência em escolas regulares que estudou. Já na faculdade em que se graduou, ela considera que o maior empecilho era a falta de livros em formatos acessíveis. “Todo mundo tem (dificuldade). Depende. Na escola eu tinha algumas dificuldades por causa da falta de inclusão e de acessibilidade em si. Os obstáculos na faculdade já foram outros. Assim que iniciei, eu tinha dificuldades com a falta de livros. Eu senti muito isso, era uma dificuldade muito grande que eu enfrentava. Assim, nos últimos dias com a LBI (Lei Brasileira de Inclusão), tem-se falado mais em livros com formatos acessíveis, e eu agradeço muito porque vai me ajudar no futuro”, observa.

Até para realizar a prova da OAB, ela contou que houve dificuldade or conta da forma de prova disponibilizada. “Eu fiz a prova com ajuda de ledor, então tive que me familiarizar com os livros que iria usar para procurar as questões, tive que me familiarizar mais ou menos onde no livro estavam as respostas que eu poderia usar. Foi um processo um pouco complexo, mas tive muito esse apoio da minha tia, que me ajudou bastante porque ela já conhecia os livros, conhecia a área e tive o apoio da banca daqui do Piauí, que disponibilizou para mim uma ledora muito boa e paciente, que realmente estava focada em me ajudar, uma profissional e tanto”

Preconceito

“A gente tem que brigar feio para resolver”. O preconceito, conforme Camila, nem sempre é pejorativo no sentido de magoar. No entanto, não tendo com fugir de alguns pré-julgamentos durante a vida, ela parece lidar como a questão com muita serenidade. “Com certeza nem todo mundo sabe lidar com as minhas limitações. E nem todo mundo sabe do que sou capaz. Afinal de contas, a pessoa que tem que acreditar em mim primeiramente sou eu. Já passei por situações de pessoas me subestimarem e em algumas eu encarei numa boa e tive a oportunidade de dizer para pessoa que não é bem assim. Outras o tempo vai se encarregando de mostrar e outras ainda a gente realmente tem que brigar feio pra resolver”.

Galgando degrau por degrau

A aprovação na OAB para Camila é apenas um “degrau” para os seus objetivos, ela fala com lucidez de que ainde existe um longo caminha a seguir. E o sonho dessa piauiense é alto, ela que a magistratura, e vai fazer por onde chegar até seu objetivo.

Uma reflexão a deixa mais próxima da realização: “Essa conquista serviu principalmente para mostrar pra mim mesma que a realização do meu sonho depende muito de mim. Se eu der o meu melhor, me esforçar, o resultado vem. Esse é apenas um degrau para os meus objetivos futuros. Não quero parar por aqui. Essa é apenas uma vitória que vai me fazer alçar voos maiores, pretendo continuar estudando, prestar concursos porque o sonho realmente é a Magistratura. Se esse for o plano de Deus já deu certo! ”

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Com informações: Cidade Verde