Por: Jerônimo Mendes

Em geral, as pessoas não querem se sentir velhas, portanto, é necessário tratar o lado emocional e gerenciar o processo de envelhecimento.

Eu sei por mim quando me olho no espelho e percebo que não sou mais aquele garoto lindo, o qual minha mãe elogiava para todas as amigas lá de Lagoa, portanto, me apego a outras qualidades para compensar a dor.

Ficar velho é mais fácil do que amadurecer, pois a mente se recusa a enfrentar o desafio dos cabelos brancos, quando sobram, das rugas que invadem o rosto sem permissão, dos dentes que já não refletem a mesma brancura, das pernas que já não respondem na mesma velocidade, dos olhos que trocam as lágrimas salgadas por cataratas sem gosto.

O consolo é que a “melhor” idade virou mercado, portanto, começa a ter importância nas estatísticas de consumo. As empresas precisam de pessoas mais velhas para garantir o consumo daquilo que os mais jovens ainda não conseguem comprar.

Talvez vivamos mais, por conta dos remedinhos que os laboratórios se desdobram para criar e lançar todos os dias no mercado. Talvez vivamos menos por conta da amargura mal administrada.

O bom da maturidade, se o termo ajuda a amenizar a velhice, é a que gente vai ficando menos hipócrita, mais atento aos exames de rotinas, menos resistente ao dedo do malvado proctologista, mais próximo dos filhos, menos exigente com as bobagens do mundo voltado para o consumo.

No fundo, a gente quer mesmo é tentar viver melhor o segundo tempo, independentemente do poder de compra, desde que sejamos úteis.

É na velhice que descobrimos que muita coisa poderia ter sido diferente, mas isso já não importa muito uma vez que o tempo é irreversível e quanto mais você fixa o olho no relógio, mais rápido o tempo passa.

Portanto, prepare-se para a velhice, compre um tablet, comece a pagar as contas pela Internet, leia para manter a memória ativa, caminhe o máximo que puder, matricule-se em cursos que nunca fez antes, seja mais flexível às bobagens dos filhos, tome um bom vinho de vez em quando, viaje enquanto ainda consegue carregar uma pequena mala e subir as escadas do avião. Posso te dar um conselho? Seja menos duro consigo mesmo.

Lembre-se: você não vai salvar o mundo e o mundo não vai parar para assistir o seu fim. O fim começa quando você começa a se entregar para a velhice. O fim acelera quando você pára de aprender.

 

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