Por Juliana Conte

Dor de cabeça não é tudo igual. Para se ter uma ideia, há mais de 200 tipos de dores e a mais prevalente na população (principalmente entre as mulheres) é a enxaqueca, e é sobre ela que iremos falar aqui.

A enxaqueca é uma desordem cerebral em que os neurônios ou as células cerebrais respondem de forma anormal a determinados estímulos. Essa vulnerabilidade do cérebro, principalmente se exposto aos já conhecidos gatilhos (alimentos embutidos, queijos, vinho tinto, molhos, falta de sono, estresse, TPM) que desencadeiam as crises, ocorre devido a disfunções em vários neurotransmissores como serotonina, dopamina, noradrenalina e glutamato.

O problema é que para tentar controlar as crises, que podem ser diárias, o paciente usa e abusa de analgésicos, causando, assim, uma queda na produção de endorfinas (analgésicos naturais do cérebro). Resultado: dor, muita dor.

E a dor da enxaqueca, normalmente, começa bem devagar (com duração de 4 a 72 horas), atingindo um lado da cabeça, na região superior ou próximo ao pescoço. A intensidade da dor pode ser forte, moderada ou forte e do tipo pulsante. Há pacientes que sentem dor o dia inteiro, mas ainda assim conseguem manter a rotina em ordem, a ponto de, se ninguém perguntar, nem levantarem a suspeita de que estão com dor. Outros, por sua vez, precisam parar no pronto-socorro para tomar medicamentos na veia.

Infelizmente, a grande maioria dos pacientes “aprende” a conviver com o problema e peregrina de médico em médico sem nunca conseguir um tratamento eficaz. No jargão médico são chamados de “borboletas de consultório”.

Se você sofre de enxaqueca há muitos anos, é importante saber que a doença requer medicamentos específicos (tanto para os momentos de crise, quanto para prevenção) prescritos por um neurologista. O problema nem sempre desaparece totalmente, mas a frequência das crises pode diminuir consideravelmente. Quem sofre de enxaqueca precisa de paciência até ajustar o tratamento, o que nem sempre é fácil, pois o medicamento indicado como primeira escolha pode trazer efeitos colaterais e não ser adequado para o paciente.

Uma dica para quem tem ou conhece alguém que tenha enxaqueca é tentar tratamento nos hospitais universitários que tenham cefaliatras (especialista em cefaleias) em seu quadro de especialsitas. Em São Paulo, por exemplo, a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) é uma boa opção. O site da Sociedade Brasileira de Cefaleia também traz informações sobre a doença.

A enxaqueca requer do paciente bastante autopercepção. Saber reconhecer e prevenir os gatilhos é um passo importante para ao menos diminuir a frequência das crises. Anote sempre o dia e a hora em que você estiver com dor, os possíveis causadores, a região da cabeça que está doendo, qual medicamento utilizou e depois de quantas horas ele fez efeito. Quando você for conversar com um especialista, isso vai ajudar na prescrição de um tratamento mais personalizado, pois a dor de cada paciente é muito específica.

Outra questão fundamental é rever seu estilo de vida. Hábitos alimentares inadequados, sedentarismo, além de um trabalho estressante só ajudam a intensificar as crises.

Fonte:Drauzio Varella