A China oficializou o banimento do OnlyFans e adotou um discurso duro para justificar a decisão. Autoridades classificaram a plataforma como uma influência ocidental corruptora, capaz de ameaçar a moralidade e a estabilidade social do país. Segundo o site Tech in Asia, o serviço foi descrito como uma “doença ocidental” e um risco direto à base cultural chinesa.
O tom se intensificou em veículos alinhados ao discurso estatal, como o The Daily Guardian, que chamou o OnlyFans de símbolo da decadência moral do Ocidente e até de um “pântano ocidental” incompatível com o ciberespaço chinês. O banimento foi apresentado como uma medida de proteção à moral nacional e uma resposta ao que o governo define como erosão cultural promovida por plataformas estrangeiras.
Mais do que uma ação isolada, a decisão faz parte de uma estratégia ampla de controle do ambiente digital. Para a China, a internet não é apenas um espaço de consumo ou entretenimento, mas uma extensão da soberania nacional. Plataformas digitais são vistas como transmissoras de valores, comportamentos e modelos sociais — e, quando esses elementos entram em choque com o projeto político do Estado, a resposta é regulatória e imediata.
O episódio evidencia o contraste com países ocidentais. Enquanto democracias liberais tendem a priorizar a liberdade individual e a autorregulação do mercado, a China parte do princípio de que cabe ao Estado estabelecer limites claros sobre o que pode circular no espaço público digital. Não se trata de neutralidade, mas de escolhas políticas e culturais distintas.
Ao reforçar o banimento, o governo chinês consolida três pilares centrais de sua política atual: soberania digital, cultura como ativo estratégico e tolerância zero a plataformas estrangeiras que não se alinham às regras locais. Para quem encara a China apenas como um grande mercado, o recado é claro: compreender a lógica política e cultural do país é tão importante quanto entender tecnologia, escala e custo.

