Quando o tempo não vence o sonho: a jornada do homem que se tornou médico aos 90 anos

Existem histórias que não apenas emocionam… elas nos sacodem por dentro, lembrando que a vida pode ser dura, imprevisível, injusta — mas também surpreendente quando alguém decide não desistir.

A história de Valdomiro de Sousa, de Goiânia, é exatamente assim.

Ele nasceu sem privilégios, sem oportunidades prontas, sem caminhos pavimentados.
O que ele tinha eram mãos calejadas, coragem e um sonho.

Ainda menino, começou a trabalhar. Cresceu carpinteiro, serralheiro, carroceiro, servente de pedreiro.
Passou a vida inteira sustentando a família com esforço, suor e dignidade — mas sempre com um desejo silencioso guardado no peito: ser médico.

Mas como perseguir um sonho quando a vida cobra urgência todos os dias?
Quando não há tempo para estudar, quando a rotina pesa, quando o mundo parece dizer que já é tarde demais?

Valdomiro seguiu vivendo. Trabalhando. Lutando.
E o sonho ficou adormecido — mas nunca morreu.

Aos 65 anos, enquanto muitos pensam apenas em descansar, ele fez algo que poucos teriam coragem: voltou para a sala de aula e se formou em Direito.
Mas o coração dele sabia que não era ali que sua história terminava.

O tempo passou.
A velhice chegou.
Os cabelos branquearam. Mas o sonho… o sonho continuava vivo.

Até que, aos 84 anos, depois de três anos estudando como um garoto para o vestibular, ele conseguiu realizar o impossível:
entrou na faculdade de Medicina.

E então veio o destino, impondo mais uma prova.
Em meio à pandemia de 2020, já isolado em casa, ele sofreu um AVC.
Muitos teriam desistido.
Muitos teriam entendido aquilo como um sinal para parar.

Mas não Valdomiro.

Ele se levantou — devagar, com esforço, com dor — mas se levantou.
Voltou às aulas. Voltou às provas. Voltou ao sonho.

E, em 2024, aos 90 anos, cruzou o palco de formatura vestindo o esperado jaleco branco.

A plateia chorou.

Os colegas o aplaudiram de pé.

E ele resumiu sua vida em uma frase que parece escrita com a força de todas as batalhas que já enfrentou:

“Difícil foi a estrada por onde andei, mas com a graça de Deus venci.”

Valdomiro não se tornou apenas médico.
Ele se tornou um farol, iluminando todos que acham que o tempo passou, que a chance acabou, que não vale mais a pena tentar.

A história dele nos pergunta, com delicadeza e firmeza ao mesmo tempo:

O que é que ainda vive dentro de você, esperando coragem para renascer?
Qual sonho você deixou guardado por medo, por cansaço ou por achar que já é tarde demais?

Porque, no fim das contas, a vida é feita não do que o mundo diz que você pode —
mas daquilo que o seu coração insiste que você ainda é capaz de ser.

E enquanto houver vida,
há tempo.
Há chance.
Há estrada.

Assim como houve para Valdomiro.

Assim como ainda há para você.