Portugal aprova lei que proíbe o véu integral: Amnistia Internacional denuncia ataque à liberdade das mulheres

Uma nova lei aprovada pelo Parlamento português está a causar uma verdadeira tempestade de opiniões. O projeto, apresentado pelo partido Chega e apoiado pela direita parlamentar, proíbe o uso de véus que cobrem completamente o rosto — como a burca e o niqab — em espaços públicos.

O argumento oficial é simples: “garantir segurança e facilitar a identificação das pessoas”.
Mas, por trás dessa justificativa, cresce um debate profundo sobre liberdade, religião e direitos das mulheres.

O que diz a nova lei

Quem for apanhado a desrespeitar a regra poderá pagar multas que vão de 200 a 4.000 euros, dependendo da gravidade da infração.

Há exceções: o uso é permitido em aviões, locais de culto, embaixadas, consulados* ou por motivos de saúde, trabalho, clima ou segurança.

O hijab, que cobre apenas o cabelo e deixa o rosto visível, não será afetado.

O projeto agora aguarda a decisão do presidente Marcelo Rebelo de Sousa, que poderá promulgar ou vetar a medida antes de ela entrar em vigor.

A reação da Amnistia Internacional

A Amnistia Internacional condenou duramente a decisão, afirmando que a lei viola direitos humanos básicos e discrimina mulheres muçulmanas.

“Proibir o véu é o mesmo que proibir a liberdade. Nenhuma mulher deve ser punida por escolher o que vestir”, afirmou a organização em comunicado.

Para o grupo, o governo está interferindo na vida privada das mulheres sob o pretexto de “segurança pública”.
A entidade alerta que a medida reforça estigmas e preconceitos contra minorias religiosas, especialmente num momento em que o mundo precisa de mais tolerância, não menos.

O país dividido

Nas redes sociais, o tema virou uma verdadeira batalha de opiniões.
Enquanto uns defendem a lei como necessária para a segurança e a integração, outros afirmam que é um retrocesso e um ataque à liberdade individual.

Alguns comentários resumem o sentimento de parte da população:

“Dizem que é por segurança, mas o que estão realmente a fazer é controlar o corpo das mulheres.”

Um debate que vai além de Portugal

Essa não é uma discussão nova. Países como França, Bélgica e Dinamarca já adotaram leis semelhantes — e todas elas geraram polêmica.
Por trás das cortinas políticas, o que se questiona é:
Quem tem o direito de decidir como uma mulher deve se vestir? O Estado ou ela mesma?

Quando o tecido vira símbolo

Para algumas mulheres, o véu é símbolo de opressão.
Para outras, é um ato de fé, identidade e empoderamento.
Mas independentemente do motivo, o direito de escolher deveria ser sagrado.

Quando o Estado decide o que uma mulher pode ou não vestir, a fronteira entre proteger e controlar se apaga perigosamente.