Conhecimento

Creches para idosos começam a surgir no Rio de Janeiro

Em meio ao verde do Itanhangá, Zona Oeste do Rio, foi inaugurada a Casa do Bosque, um lugar muito aconchegante lembra uma pousada na serra.

O lugar conta com restaurante, um amplo jardim e piscina. Com uma programação farta, a lista de distrações tem jogos de tabuleiro, oficinas de jardinagem, aulas de culinária, circuito funcional, artesanato, karaokê, cinema com telão…

O cenário poderia ser considerado tranquilamente como uma colônia de férias, no entanto trata-se da primeira creche para idosos da cidade.

O Rio de Janeiro apareceu em uma pesquisa feita por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) realizada pelo IBGE em 2016, como o estado brasileiro com a maior parcela de pessoas acima dos 60 anos.

Enquanto a chamada terceira idade representa 14,4% dos habitantes em todo o país, no Rio a porcentagem salta para 18,7%. E justamente pensando nesse envelhecimento natural, que a creche foi inaugurada.

A idealizadora da Casa do Bosque, Patrícia Elman que é gerontóloga e terapeuta, também é proprietária de uma clínica em Copacabana em funcionamento há quarenta anos, especializada no atendimento à terceira idade.

A clínica funciona em regime de creche mesmo, de segunda a sexta das 8 às 18:00 horas, vovôs e vovós vão participar das atividades sob a supervisão de uma equipe composta de nutricionista, psicóloga, fonoaudióloga e terapeuta ocupacional.

O lema é: “é proibido ficar parado!”, sonecas também nem pensar. Nos dias chuvosos, o jeito é fazer como os netos, ficar no videogame, um dos jogos disponíveis propõe sessões de ioga.

A clínica já conta com seis matriculados. “Além de entreter, o nosso objetivo é promover o envelhecimento saudável com desenvolvimento cognitivo”,, afirma a gerontóloga, antes de ir direto ao ponto. “Queremos empoderar os idosos, que em geral, ficam à mercê da televisão. Isso deprime, e a depressão nessa idade é perigosa. Mata. A socialização é a coisa mais importante para eles.”

Célia Regina Affonso, 55 anos, é moradora da Tijuca, fez uma promessa aos pais de que interná-los em um asilo nunca seria uma opção.

Ela conta que teve muitas alternativas que foram frustrantes, experiências tumultuadas com cuidadoras, ela decidiu optar pelo day use da casa de repouso Vila Marina, em Vila Isabel. Sua mãe, Maria Carmen Afonso, 81 anos, frequenta o espaço pelo menos uma vez por semana.

Na Casa do Bosque, Maria Carmen faz atividades terapêuticas ligadas a arte e música, sessões de dança e participa de animadas excursões: AquaRio, Museu do Amanhã e Confeitaria Colombo foram alguns dos destinos da turma.

“No início ela relutou, dizia que não queria ir, mas hoje ama. Mamãe sempre odiou ficar em casa. Em um asilo, que é mais paradão, a cabeça dela iria deteriorar”, conta Celia Regina, no papel invertido de mãe zelosa.

A diária nas creches para gente grande (alunos acima dos 60 anos, independentes e sem problemas mais graves de saúde) varia entre 130 e 350 reais.

Mas existem serviços semelhantes oferecidos gratuitamente pela nas Casas de Convivência e Lazer.

São sete as unidades espalhadas por bairros como Gávea, Lagoa, Penha e Tijuca. Das 8h às 17h, de segunda a sexta, o projeto atende até 600 idosos por dia e oferece, entre outras atrações, tai chi chuan, pilates, inglês e dança cigana. Um dos endereços mais movimentados da rede, a Casa Padre Veloso, em Botafogo, tem como aluna frequentadora uma senhora de 101 anos.

Há uma semana, uma colega mais jovem, Maria do Perpétuo Conceição, 75 anos, solteira e sem filhos, esbanjava alegria na turma de percussão comandada por Cidão, mestre de bateria da Escola de Samba São Clemente. “Minhas irmãs já morreram e minha sobrinha mora nos Estados Unidos. Fui ficando tão só que desenvolvi síndrome do pânico. Aqui na casa fiz amigos e melhorei. Na semana passada, combinamos de ir à Casa do Minho e dançamos até meia-no­ite”, conta.

Outro frequentador é o comerciante aposentado, viúvo e pai de três filhos José Aureliano Rebelo, 95 anos. Na Casa Padre Veloso, ele arranjou, inclusive, um novo amor. “A gente se conheceu aqui e casou, moramos juntos. Adoro as aulas de teatro, faço há quatro anos. Já interpretei Jesus Cristo, padre e até coveiro”, diz, às gargalhadas. Rir, a propósito, também é um ótimo remédio.

* Nota: As informações e sugestões contidas neste artigo têm caráter meramente informativo. Elas não substituem o aconselhamento e acompanhamentos de médicos, nutricionistas, psicólogos, profissionais de educação física e outros especialistas.

Veja reportagem sobre creche para idosos:

 

Informações: Veja

Saber Viver Mais

Viva Mais! Viva Melhor!

Recent Posts

Médico de Harvard revela bebida da moda que pode matar células cancerígenas

Era uma bebida humilde do Japão , reverenciada por séculos em cerimônias tradicionais do chá.…

23 horas ago

Lua de Sangue: o espetáculo que vai parar o mundo em 7 de setembro de 2025

Prepare-se para testemunhar um fenômeno que une ciência, beleza e mistério. No dia 07 de…

1 dia ago

Minissérie italiana escondida na Netflix

Um caso real. Uma morte cheia de perguntas. Uma investigação que atravessa fronteiras.** Mario Biondo,…

2 dias ago

Não sabemos nos despedir – Fabrício Carpinejar

‘Guardamos a sensação de que não nos despedimos direito daqueles que amamos’, por Carpinejar A…

2 dias ago

“Peregrino ou Turista? Bauman Explica Quem Você É na Vida”

1. O ponto de partida Bauman usa duas metáforas para explicar como as pessoas se…

2 dias ago

Neurologista de Harvard alerta: este erro ao dormir pode acelerar o Alzheimer

## O que diz o neurologista Pedro Schestatsky? O neurologista **Pedro Schestatsky**, com pós-doutorado em…

2 dias ago