Nesta última quarta-feira foi aprovada a primeira insulina inalável do País. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já concedeu o registro e a comercialização do produto, que já foi publicado inclusive no diário oficial da União.
A nova insulina foi batizada com o nome de Afrezza, sua comercialização é em pó, em cartuchos com três tipos de dosagem.
A utilização é muito fácil, o paciente com diabete tem que encaixar o cartucho no inalador e aspirar o pó do medicamento.
O medicamento chega rapidamente ao pulmão e é absorvida pela corrente sanguínea, onde cumpre a função de reduzir os níveis de açúcar no sangue.
O ganho que se tem segundo especialistas com este novo medicamento é a qualidade de vida do paciente em relação a redução do número de injeções. Entretanto o Afrezza tem suas limitações, ela não é capaz de substituir totalmente todas as aplicações diárias de insulina.
Outro grande problema é que existem poucas variações de dosagem e é contraindicada para paciente com problemas pulmonares e menores de 18 anos.
Outra questão muito importante é que a insulina inalável pode substituir somente as aplicações de insulina de ação rápida ou ultrarrápida, chamadas de bolus. Geralmente utilizada antes de cada refeição, quando o organismo precisa de um volume maior de hormônio para fazer a compensação do açúcar ingerido.
Ela não vai substituir a insulina basal, de ação mais lenta, geralmente aplicada somente uma vez por dia e não poderá ser substituída pelo produto inalável, como explicou a endocrinologista Lívia Porto, do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
“Se o paciente diabético tem um tratamento nesse esquema basal-bolus, ele costuma fazer pelo menos quatro aplicações por dia: uma basal e três bolus, no café da manhã, almoço e jantar. Se passar a usar a inalável, ele diminuiria de quatro aplicações diárias para uma aplicação. Seria um ganho de qualidade de vida, mas não substituiria totalmente a injetável”, diz a médica.
O Afrezza não vai exigir refrigeração, é mais fácil de transportar e armazenar e poderá reduzir o número de picadas de agulha a que o paciente tem que submeter-se diariamente.
Para Heraldo Marchezini, CEO da Biomm, empresa responsável pela distribuição do produto no Brasil, a facilidade de manuseio e uso da Afrezza representa um avanço na qualidade de vida dos pacientes. “No momento das refeições, o paciente muitas vezes tem que utilizar a insulina em uma situação social, fora de casa, e, com a inalável, o procedimento pode ser mais rápido e discreto. O inalador cabe na palma da mão. É uma grande inovação na forma de aplicar”, afirma.
Outra vantagem segundo Marchezini é que o produto pode ser usado tanto por pacientes com diabete tipo 1 quanto por portadores do tipo 2 da doença. Considerando, no entanto, que a maioria dos diabéticos tipo 2 fazem tratamento com comprimidos e não com insulina, os principais beneficiados pelo novo produto seriam os pacientes com diabete tipo 1, cujo tratamento obrigatoriamente inclui aplicação de insulina.
“No caso do diabético tipo 2, a Afrezza seria indicada somente para aqueles pacientes que não estão conseguindo controlar a glicemia somente com medicação via oral”, explica o endocrinologista Freddy Eliaschewitz, assessor científico da Sociedade Brasileira de Diabetes e diretor do Centro de Pesquisa Clínicas CPclin, instituição brasileira que participou dos estudos da insulina inalável.
Mesmo que já tenha sido aprovado pela Anvisa, a Afrezza ainda deve demorar alguns meses para estar disponível para venda. “Nossa expectativa é que ainda neste ano o produto passe pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED)”, diz o CEO da Biomm. A câmara é uma instância da Anvisa que estabelece os preços dos medicamentos antes de eles chegarem ao mercado.
Ainda não é possível estimar quanto o produto custará no Brasil. Nos EUA, o Afrezza já é comercializado desde 2015, e a menor dose, com 4 unidades, custa U$ 3,80, o equivalente a R$ 14,80.
Com Informações:Estadão
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