Conhecimento

“Essas pessoas devem ser órfãs”, diz Antônio Fagundes com relação ao preconceito com idosos

Por: Josie Conti

Em entrevista publicada pela Veja no último dia 17 de abril de 2020, o ator Antônio Fagundes falou sobre sua rotina durante a quarentena, deu respostas sobre como vê a doença e, ainda, quando questionado, deu algumas opiniões políticas. Entretanto, o que me chamou mais a atenção foi a pergunta feito pela jornalista Raquel Carneiro que se referia ao AGEÍSMO, que é o preconceito com idosos.

Abaixo, transcrevo pergunta e resposta:

“Há também nas redes sociais e em noticiários de todo o mundo um aumento do “ageísmo” (preconceito com idosos). São comuns hoje frases como “essa doença só mata idosos”. O que pensa desse tipo de atitude?

Primeiro, acho que essas pessoas devem ser órfãs, pois ninguém pode em sã consciência não se preocupar com a morte dos pais e dos avós, certo? Outra coisa: elas marcaram a data para morrer? Porque, depois dos 40 anos de idade, já estamos todos mais perto da velhice do que da juventude. É horrível quem não valoriza idosos. Todo esse cenário me faz lembrar da frase de Edmund Burke: “Quem não conhece sua história, está condenado a repeti-la”. Esse mesmo tipo de preconceito já foi visto na história, com a eugenia. Na Alemanha, o nazismo eliminava idosos, uma história que não pode se repetir. Eliminava-se também os que pensavam diferente, os deficientes. O mundo está passando por isso de novo. Milhões de pessoas morreram pela irracionalidade. E parece que não aprendemos nada com isso.”

A resposta do ator, hoje com 70 anos, foi de fundamental importância porque ele dá voz aos idosos com propriedade de fala.

Ele lembra também que não é admissível que uma vida humana, seja ela de qual idade for, seja entendida como menor.

O ageímo, como publicado em artigo de Ana Maria Goldani, refere-se essencialmente às atitudes que os indivíduos e a sociedade têm frequentemente com os demais em função da idade, enquanto a discriminação por idade descreve a situação em que a idade é o fator decisivo.

Sendo assim, Fagundes fala exatamente disso: a idade não pode ser um fator decisivo e excludente de uma vida e, também por isso, ele menciona a história e outras épocas que utilizaram-se dessa premissa de forma equivocada e desumana.

Ouvir Fagundes, hoje, deve ser uma chance de repensarmos algumas frases que vemos reproduzidas por aí – e que até repetimos- sem nos darmos conta de sua gravidade.

As pessoas idosas são muito mais do que um encargo social. Eles são os guardiões de nosso passado. São sabedoria. São história. E, é bom lembrar, também são nossos pais e avós.

Que não sejamos órfãos de pais vivos.

Fonte: ContiOutra

Saber Viver Mais

Viva Mais! Viva Melhor!

Recent Posts

Se você conversa com seu cachorro, a ciência tem uma boa notícia

A ciência mostra que conversar com os cães é um comportamento comum, saudável e até…

11 horas ago

10 receitas fáceis e rápidas para você arrasar no natal!

Essas receitas foram pensadas para tornar a ceia de Natal mais prática, acessível e saborosa,…

13 horas ago

Seu corpo fala: o verdadeiro significado de balançar as pernas

Segundo a psicologia, balançar as pernas constantemente não tem um único significado fixo — o…

20 horas ago

O homem que ganhou na loteria 14 vezes — e a matemática simples por trás disso

O homem que ganhou na loteria 14 vezes — e a matemática simples por trás…

2 dias ago

“Este texto é para quem só quer atravessar o fim do ano em paz”

Como ajudar as pessoas a passarem o final de ano em paz (mesmo quando tudo…

2 dias ago

Sempre se sentiu diferente? O autismo em adultos explica mais do que você imagina

Muitos adultos descobrem tarde demais — e isso muda tudo. Durante anos, eles se sentiram…

2 dias ago