Por: Redação da Revista Saber Viver Mais
Não há como negar que nos últimos anos a medicina evoluiu muito, tanto para recuperação de membros, com uso da microcirurgia para reimplante, quanto em relação a qualidade das próteses existentes no mercado.
Mas a pergunta é porque ainda existem tantos amputados, que poderiam estar usando próteses que ainda dependem de muletas para caminhar?
A questão é que o Brasil não fabrica próteses de qualidade e que esse mercado é dominado por produtos importados.
Essa pergunta foi a mesma feita pelos estudantes Lucas Strasburg e Eduardo Trierweiler Boff há sete anos atrás ao verem de longe um rapaz amputado na altura da canela, que precisa escorar na muleta para comer. “Aí acendeu uma lâmpada: há tanto avanço na medicina mas ainda não colocamos um paciente andando direito?”, resume Lucas, hoje com 24 anos.
A dupla então decidiu que iriam criar um tipo de prótese como projeto de conclusão do ensino técnico em mecânica da Fundação Liberado.
Lucas observou que a qualidade das próteses que eram oferecidas gratuitamente, além de serem de madeira e não permitiam a transferência de energia do calcanhar para a ponta dos pés.
Foi então que nasceu a Revo Foot, uma prótese 100% nacional, com a mesma qualidade das estrangeiras feitas de fibra de carbono e com um custo inferior às tradicionais.
Outro fator incrível deste projeto é que, em vez da fibra, eles desenvolveram um material plástico injetável. “A biomecânica é similar e isso favorece a localização espacial, porque você consegue sentir todas as fases da marcha: apoio, balanço e equilíbrio”, contam.
As ideias inovadoras da dupla, como usar garrafas PET na fabricação dos modelos iniciais, renderam prestígio dentro e fora do país, como prêmios da Braskem e do Massachussetts Institute of Technology (MIT).
Lucas disse que está em curso o desenvolvimento da estratégia de entrada no mercado, inicialmente ele quer oferecer algo em torno de 30% a 40% mais barato que a concorrência internacional e com o crédito facilitado. “Se uma prótese fosse vendida a R$ 2 mil reais e paga em prestações, seria possível tirar grande parte dos pacientes da fila e oferecer um produto de qualidade sem explorá-los”, explica Lucas.
Mas um dos maiores entraves enfrentados é a burocracia. Segundo Lucas uma prótese precisa ser certificada pelos órgãos apropriados, mas o Brasil sempre importou próteses ortopédicas, sendo assim sempre foram aceitas as certificações internacionais, está sendo criadas normas necessárias agora – a pedido de Lucas e seus apoiadores, inclusive.
Outro ponto delicado é a Captação de investimentos. “Há uma febre tremenda em relação aos apps e o investidor quer algo assim porque o desenvolvimento e a monetização são muito mais rápidos”, diz ele. “Para nós na área da indústria, é preciso ter documentações aprovadas, comprar maquinário, fazer moldes, pagar funcionários, encontrar mão de obra qualificada, matéria prima, fornecedor… O investimento é muito mais alto.”
Os próximos passos de Lucas são estabelecer um escritório em São Paulo, onde fechou parceria com uma empresa médica especializada, e pretende criar um crowdfunding. Como não estou vendendo o produto ainda, a geração de caixa é zero. E como as transações jurídicas levam meses, precisamos de um montante de recursos para adiantar o processo”, diz.
Lucas chegou a rejeitar uma proposta de emprego no Canadá para desenvolver seu sonho no Brasil. “O que mais quero é colocar esse produto no mercado e ter uma renda que é fruto de ajudar as pessoas”, finaliza.
Com informações:Na prática
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